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O plástico no alimento

O plástico no alimento

Com a votação do Pacote do Veneno, temos discutido bastante a contaminação de nossos alimentos e a toxidade de algumas substâncias em nossa saúde e no meio ambiente. Se entrar em vigor, essa lei abrirá as porteiras para a entrada de outras substâncias com enorme potencial tóxico, algumas já proibidas na Europa e EUA, além de afrouxar a fiscalização das que já estão em nossas mesas.

Segundo a ONU, o uso de agrotóxicos causa 200 mil mortes por intoxicação ao ano em todo mundo, sendo 90% em países em desenvolvimento como o Brasil.

Mas o veneno não está só na produção de alimentos. As embalagens plásticas também têm sido foco de muitas discussões e pesquisas. Alguns aditivos usados na obtenção do plástico, como antioxidantes, estabilizantes, lubrificantes, agentes anti-estáticos e agentes anti-bloqueio, podem sofrer um processo chamado migração, que consiste na interação dessas substâncias com as que estão presentes no alimento acondicionado nessas embalagens, o que acaba expondo o consumidor a substâncias potencialmente tóxicas.

Um exemplo dessas substâncias é o Bisfenol A ou BPA, encontrado também no revestimento dos enlatados. O Bisfenol reage com o alimento e, ao ser consumido, se deposita no organismo podendo causar desequilíbrio hormonal, infertilidade, câncer, além de ultrapassar a barreira placentária.

Fonte: Google

Vários são os fatores que desencadeiam essa contaminação, desde o tipo de material e as substâncias usadas para sua fabricação, até a exposição à mudanças de temperaturas, como armazenar o alimento ainda quente em potes plásticos ou aquecê-los em microondas.

Sabemos que as embalagens plásticas facilitam nossas vidas. E elas são leves, baratas, possuem uma logística facilitadora e prolongam a vida do alimento. Mas até onde vai nossa conveniência em detrimento da nossa saúde e do planeta?

Segundo estudo realizado pelo IBRE / FGV para a Associação Brasileira de Embalagem, o valor bruto da produção física de embalagens atingiu o montante de 71,5 bilhões de reais em 2017, onde o plástico representa cerca de 38 bilhões, 85% desse montante. A projeção para 2018 é de um crescimento de 2,96% em sua produção física.

É muito plástico! Que, além de tudo, não é descartado corretamente, tendo como destino final nossos rios e mares. Devemos fazer nossa parte evitando o uso de filmes plásticos, copinhos de isopor, canudos, vasilhas plásticas para microondas, entre outros, substituindo por embalagens retornáveis, biodegradáveis ou recicladas. Reduzindo a utilização dessas embalagens e, buscando o alimento in natura que já vem com a embalagem ideal para o seu acondicionamento e conservação e, se consumido dentro de sua época de colheita, é muito mais nutritivo, saboroso e barato.

E também exigindo dos órgãos regulatórios mais transparência e informação para a população sobre o impacto desses materiais e substâncias, bem como um controle mais efetivo do uso destes na fabricação de embalagens plásticas.

Nossa saúde agradece. E o planeta também.

Alline Cipriano: Mãe, farmacêutica, sócia fundadora da Ibeji Limpeza Consciente, apresentadora no programa Causa Justa e ativista na comunidade Precious Plastic Rio.

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