E peixe, pode?

Outro dia eu estava em uma loja encomendando um serviço e fiquei papeando com o André, dono da loja. Enquanto ele me atendia, iniciamos uma conversa sobre alimentação e logo ele começou a contar da carne de porco que tinha feito no fim de semana anterior. Quando ele pausou em suas aventuras como cozinheiro, eu disse:

– Que legal, mas confesso que nem sei mais que gosto tem as carnes, pois sou vegetariana. 

Ele, logo emendou dizendo:

– Minha filha por muito tempo foi vegetariana, ela só comia peixe. 

Naquele momento em fração de segundos, veio o pensamento. Ué, como assim ela é vegetariana? Ah… Ele deve achar que peixe pode! Virei-me para ele e afirmei:

– Então ela não era vegetariana! 

E ele super simpático me respondeu:

– Peixe não tem sentimento e por isso ele não sofre.

Eu, claramente triste com aquela informação, tive que explicar o por quê de peixes não serem consumidos no vegetarianismo e assim, encerramos o papo.

De acordo com a última pesquisa feita em 2018 pelo Ibope, no Brasil havia 30 milhões de vegetarianos. Certamente nos tempos atuais somos muito mais. 

Embora não tenhamos uma pesquisa recente, o comportamento da sociedade e das grandes Empresas, a cada dia vem demonstrando maior interesse no assunto.  E por que eu estou informando esses números? Porque trinta milhões de vegetarianos é um número bastante expressivo e por isso, muitos movimentos vem ganhando força.

Nos tempos atuais, pessoas com acesso a informação não podem achar que peixe pode ser ingerido na alimentação vegetariana, dando a entender que eles não são animais. Confesso que já me deparei com muitos Andrés que pensam dessa forma.

Os peixes são animais sencientes, eles podem sentir dor igual aos mamíferos. Isso não sou eu quem afirma e sim uma pesquisa  do Instituto de Biologia Integrativa da Universidade de Liverpool, na Inglaterra. O estudo afirma que os peixes hiperventilam e deixam de se alimentar quando estão sofrendo. Além disso, eles sofrem com a exploração da Industria pesqueira global, mas como eles não latem, miam ou ronronam, as pessoas tendem a achar que “Peixe pode.”

Adotar o estilo de vida sem crueldade animal é um desafio, principalmente no meio social. Já ouvi muita gente dizer que conseguiu fazer a transição para o vegetarianismo/veganismo, mas em função dos amigos, das baladas, das críticas, não aguentaram e acabaram sucumbindo.

Minha melhor dica é: Vá devagar e sempre! Nenhum movimento com pressa tem consistência e se  você desviar do propósito, não se culpe. Comece de novo, mas caso não consiga, não tem problema, pois tudo tem o seu tempo!! E lembre-se: Procure um médico para fazer essa transição de forma segura.

GUIA DO VEGETARIANISMO:

• Vegetariano estrito: Pessoa que exclui todos os alimentos de origem animal, assim como todos os derivados;
• Vegetariano crudívoro: Pessoa que exclui todos os alimentos de origem animal e tem a alimentação baseada em vegetais crus ou aquecidos até 42 graus.
• Vegetariano frugívoro: Pessoa que exclui todos os alimentos de origem animal e se alimenta a base de frutas e alimentos considerados frutos;
• Vegano: Pessoa que exclui não só os alimentos de origem animal, como produtos testados. Ex: Maquiagem, cosméticos, vestuário dentre outros;
• Ovolactovegetariano: Pessoa que exclui as proteínas de origem animal, com exceção dos ovos e laticínios;
• Ovovegetariano: Pessoa que exclui as proteínas animas, com exceção do ovo;
• Lactovegetariano: Pessoa que exclui as proteínas de origem animal, com exceção dos laticínios;
• Piscovegetariano ou íctiovegetariana vulgo (PEIXETARIANO), não existe!

Kelly Fernandes
Chef e Confeiteira 
Instagram: @redeveggie

Fonte:
https://vegazeta.com.br/estudo-aponta-que-peixes-podem-sofrer-como-mamiferos/