Comida É Afeto | Acionem as sirenes
 

Acionem as sirenes

Acionem as sirenes

Dia 22 de Abril é o Dia Mundial da Terra, do Planeta Terra. Não é por acaso o Planeta se chama Terra. Apesar de ter sido apelidado Planeta Água, somos de fato, mais terra do que Água, cada vez menos Água… Mas de onde saíram essas datas comemorativas, que parecem não surtir efeito algum? Bem, vamos lá: Google.

A data foi criada em 1970, pelo senador norte-americano Gaylord Nelson, que resolveu realizar um protesto contra a poluição da Terra, depois de verificar as consequências do desastre petrolífero de Santa Barbara, na Califórnia, ocorrido em 1969. Quase 50 anos depois muitas tragédias, incidentes e crimes ambientais, continuam acontecendo sem punição proporcional, vide Mariana, Brumadinho e, no último dia 29/03/2019, um novo rompimento de barragem, desta vez em Rondônia. E, as chuvas deste início de ano no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Um massivo deslocamento de terra, carregando tudo pelo caminho. Os noticiários tentam minimizar as consequências de todos os efeitos colaterais à natureza, o que chama atenção é o numero de mortes humanas registradas. Claro vidas humanas contam muito. Mas pouco importa se morre rio, bicho, planta, se mata as nascentes, se mata a fertilidade da terra, a Natureza se vira pra se recuperar. Mas se morrerem depois, mais pessoas de sede, de fome, de doenças, é só desviar o assunto, para qualquer outra manchete mais catastrófica. Afinal, não faltam catástrofes.

O silêncio, como a terra deslizando e se movimentando, lentamente, comendo e silenciando tudo que há vida no seu caminho, porque se falar demais as ações caem e a economia não aguenta. Economia, a deusa mais mimada de todos os tempos. Por ela pode tudo vir a baixo. Enquanto a mídia não culpar os políticos por não saberem como lidar com as catástrofes, enquanto as empresas não entenderem seu papel na civilização e responsabilidade sobre esses impactos, enquanto nós, não sairmos de nossas casas pra arregaçar as mangas e trabalhar em comunidade para nos solidarizarmos com os estragos, não teremos horizonte a mirar.

Lembrei do provérbio indí­gena: “Somente quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado, vocês vão entender que dinheiro não se come”. A cada barragem rompida sinto que esse dia fica mais próximo. A cada sirene de alerta, mais alto grita minha indignação.

Se considerarmos o planeta como um organismo, como propõe a teoria de Gaia, nós, o vírus nesse sistema, seguimos no nosso projeto de adoecer o organismo que nos abriga e nutre, dispostos a matar e morrer. Cada barragem um tumor, cada rompimento um derrame, e sequelas e mais sequelas, de herança para nossos filhos e netos. Não lhes parece absurdo? Fico me perguntando como alguém pode não se preocupar com isso? Era para estarmos completamente mobilizados! Era para estarmos ocupando as ruas em mutirões, exigindo o fim do envenenamento por agrotóxicos, em todo o planeta. Era para estarmos exigindo punições severas e leis mais duras, para todo e qualquer tipo de poluição e desperdício. Um crime ambiental é um crime contra a humanidade.

A letargia e a hipnose parecem ser um misto de desespero e indiferença. Ou seria completa ignorância da urgência e da gravidade dos fatos? Bem, se for por falta de alerta, tome por favor, este artigo, como a última chamada. A hora é agora. E como li outro dia num cartaz, numa manifestação: “Eu não estou pedindo pra você ter esperança. Eu estou dizendo pra você entrar em pânico”.

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